Sunday, March 19, 2006

Pessoas (que) mudam o mundo

Trecho de um dialógo entre Dom Juan e Carlos,
do livro "Uma estranha realidade", de Carlos Castañeda.
Recebi por email da amiga Cyberblue, da comunidade de orkut A revolução do Meme.



- Você pensa e fala demais. Deve parar de falar sozinho.
- O que quer dizer?
- Você fala sozinho demais. Não é só você que faz isso. Nós todos o fazemos. Temos conversas internas. Pense nisso. Sempre que está só, o que você faz?
- Converso comigo mesmo.
- Sobre o que conversa com você mesmo:
- Não sei; sobre qualquer coisa, imagino.
- Vou lhe dizer a respeito de que conversamos conosco. Conversamos sobre nosso mundo. Na verdade, ¹conservamos nosso mundo com nossas conversas internas.
- Como o fazemos?
- Sempre que terminamos de falar conosco, o mundo está sempre como devia ser. Nós o renovamos, o animamos com vida, o mantemos com nossa conversa interna. Não só isso, mas nós também escolhemos nossos caminhos, ao conversarmos conosco. Assim, repetimos as mesmas escolhas várias vezes até o dia de nossa morte, pois ficamos repetindo a mesma conversa interna toda vida, até morrer. (...)
- Como posso deixar de conversar comigo mesmo?
- Antes de tudo, tem de usar os ouvidos para aliviarem um pouco a carga de seus olhos. Usamos os olhos para julgar o mundo desde o dia em que nascemos. Falamos com os outros e conosco, sobretudo sobre o que vemos (...) O mundo é assim e assado, e tal e tal, só porque nos dizemos que é dessa maneira. Se pararmos de nos dizer que o mundo é tal e tal, o mundo deixará de ser tal e tal. Neste momento, não creio que você esteja pronto para esse golpe monumental, e portanto, deve começar
lentamente a desfazer o mundo.
- Não o compreendo mesmo!
- Seu problema é que confunde o mundo com o que as pessoas fazem. Ainda nisso, não é o único. Todos nós fazemos isso. As coisas que as pessoas fazem são os escudos contra as forças que nos cercam; o que fazemos como pessoas nos dá conforto e nos faz sentir seguros; o que as pessoas fazem é muito importante em si, mas apenas como escudo.

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Na opinião do Leandro, integrante da comunidade, a humanidade e tudo aquilo que as pessoas fazem é maior e mais importante do que o próprio mundo. E o mundo para ele é tudo o que está encerrado aqui - a vida, a morte, pessoas, aliados, e tudo o mais que nos cerca. O mundo é incompreensível (...) Assim temos de tratá-lo como ele é, um simples mistério! Comenta que: (...) o homem comum não faz isso. O mundo nunca é mistério para ele, e, quando ele chega à velhice, está convencido de que não tem mais nada por que viver. Um velho não esgotou o mundo. Só esgotou o que as pessoas fazem. Mas em sua estúpida confusão, acredita que o mundo não tem mais mistérios para ele. Que preço triste para pagar por nossos escudos! ...(...) "

O link abaixo é de uma crônica falando mais sobre o assunto./
(http://geocities.yahoo.com.br/mcrost01/cronicas_12.htm)
Chama-se 'Parando o mundo', de Martinho Carlos Rost.

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